sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O começo de Lágrimas de Sangue...

Lembra da história em capítulos que eu ia postar? Lá vai o primeiro capitulo...


                                                                  Pensando no amanhã.


Eu sinceramente não vejo diferença entre a minha vida e a de outras milhares mulheres.
Mas acho que é assim mesmo.
Ou será que faz realmente diferença eu existir?
Não, não faz.
Se eu morrer, nem um terço da população vai sentir falta.
Mas tudo bem, estou conformada.
- Ana?
Ouço minha mãe, interromper meus pensamentos.
- Ana, vamos?.
Olho para ela do outro lado da sala, em pé, com postura rígida e uma chave nas mãos.
Linda como sempre.
Cabelos loiros em corte channel, elegante com seu terno feminino, saia e blusa para quem não sabe, só que formalmente bonito. Sua altura média ajuda a ser elegante, pois pode usar qualquer salto, inclusive aquele Dakota preto, minha mãe é... espetacular!
Então pergunto:
- Aonde?
- Vou rapidamente ao supermercado, e quero que você venha.
 Finjo que estou cansada me espreguiçando.
- Não posso ficar?
- Não, não mesmo. Vá se vestir.
Me levanto contrariada, e me dirijo ao meu quarto.
- Tudo bem.
- Ah... - Diz ela, como se lembrasse de algo. - Escolhi sua roupa, está em cima da cama.
Me viro para onde ela está, mas poupo reclamações, no final das contas, acabo rindo de como minha mãe me controla, eu, uma mulher de vinte anos.
Acho engraçado minha independência inexistente.
Entro no meu quarto, com uma cama bem no meio, uma escrivaninha do lado direito, e do esquerdo um abajur, que fica de lado para o guarda roupa.
Vejo a roupa que minha mãe escolheu, e fico confusa,
Um vestido rosa claro de contas.
Bonito, mas nós vamos ao supermercado.
- Mãe. - Chamo. - Isso é vestido de festa!
- Acredite. - Ela diz da sala. - Você quer usar isso.
Ela não tem muita razão, mas caso vocês não tenham percebido, não gosto de discutir, muito menos com minha mãe.
Ponho o vestido, e vou com minha mãe até a cidade de carro.
É que eu moro na Zona Rural, Areal do Taquari, uns vinte minutos de carro até a cidade.
- Mãe, o que vamos comprar?
- Não sei. Vou ver.
Assenti, não que eu concorde em sair de casa as oito da noite para ir até a cidade só pra comprar sei-lá-o-quê, mas eu não gosto de discutir, nem reclamar.
Então é mais simples assim.
Ela estaciona em frente a curva do posto, e começa a voltar para casa.
- Mãe a gente não ia no Supermercado?
- É, só que não quero mais.
Han?
Hoje minha mãe deve ter bebido alguma coisa, não é possível.
- Mãe você está bem?
Ela diz que sim com a cabeça e fazemos o trajeto em silêncio.
O que é muito estranho.
Chegamos em casa, ainda em silêncio. E começo a me preocupar.
Desço do carro logo após minha mãe, e percebo que ela já entrou em casa.
Muito rapidamente.
O que é mais estranho ainda, pois ela sempre verifica o carro.
Entro em casa, as luzes estão desligada.
- Mãe. - Chamo em sussurro. - Acende a luz.
Então começa a tocar a música "Apaixonado Coração" de repente.
Uma leve luz se acende.
E eu vejo, Mário, meu namorado com uma caixinha na mão.
Meu coração acelera.
Ele se ajoelha, com um leve sorriso, mas percebo que ele está tremendo.
- Analice, eu queria fazer melhor, mas você ensinou que o simples é o melhor e mais emocionante sempre, então, você aceita casar comigo?
Começo a chorar.
E percebo que minha vida é sim especial, pelo menos um pouco.
O abraço.
E beijo.
- Sim.
Eu digo só percebendo as luzes se acendendo e minha família inteira batendo palma.
Exceto por uma, minha tia.
Que está parada olhando seriamente, para nós dois.
Sua expressão é de temor.
 

Continua...